Revista Jogos Vídeo nº 2

Hoje, partilhamos a edição nº 2 da Jogos Vídeo, possivelmente de dezembro de 1993. Esta é o segundo número desta revista, que foi quase certamente uma versão portuguesa da Hobby Consolas.

Capa da Jogos Vídeo 2, com a Mega CD e Sonic CD em destaque

Nesta edição, destacam-se:

  • Coberturas de duas consolas à base de CD: Mega CD e Amiga CD32
  • Notícias sobre eventos nacionais com presença da Sega e da Nintendo
  • Análises a jogos como Mortal Kombat, Sonic CD, e Night Trap
  • Publicidade e o que se sabia sobre a “Nintendo 64” (Project Reality)

Podem descarregar a revista de seguida, ou ler mais sobre o que esta tem para dizer sobre videojogos em Portugal no início dos anos 90.

A dupla de CDs: Mega CD e Amiga CD32

A revista apresenta não uma mas duas novas consolas à base do CD, ambas então reconhecidas pelo seu potencial.

À esquerda: Amiga CD32, “a primeira consola de 32-Bit do mercado”
À direita: Sega Mega CD

A Sega Mega CD (modelo Mega CD II) fora então muito elogiada, com a redação a destacar o “som megafónico” e as “imagens reais” com “movimentos e perspectivas estonteantes”. Em suma, referem que apesar do preço elevado para um complemento da Mega Drive (69.900$00, cerca de 350€), “há emoções que não têm preço“. Esta perspetiva (refletida nas análises aos jogos) contrasta de certo como com a reputação atual desta consola.

A Amiga CD32, possivelmente “a primeira 32-bit em mercado nacional“, foi reconhecida pela redação como tendo o potencial para se tornar na “melhor máquina de jogos do mercado”. Contudo, era para tal necessário que não fosse “ignorada como o CDTV” (outra máquina da família “Amiga”). O Amiga CD32 custava 79.900$00 (quase 400€), e incluía 2 jogos: Diggers e Oscar.

Eventos com Nintendo e Sega em Portugal

A revista aborda dois eventos em Portugal com envolvimento da Nintendo e da Sega.

Notícias sobre um torneio de jogos Sega (esquerda) e um evento com presença Nintendo (direita)

A revista tem duas notícias sobre eventos ligados a videojogos. A Sega foi promovida com o Torneio Trinaranjus (abordado no nosso artigo da Jogos Vídeo nº 3); por sua vez, a Nintendo marcou presença no Recreio 93 (FIL, 25 a 28 de novembro), com novidades (“StarWing”, “Super Mario All-Stars”) e um concurso.

Análises: Mega CD e Mortal Kombat

Uma boa parte da revista é dedicada a análises de jogos consola, compostas por:

  • descrição geral, com história, como se joga, etc.
  • veredicto do crítico, opinião sucinta e sumariada
  • ficha técnica, com preço, género, e critérios consoante o jogo
  • classificação percentual, geral e por critério (gráficos, som, jogabilidade)
Consoante o jogo, a os detalhes da ficha técnica variavam (nº de continuações, acesso CD…)

Além das críticas a jogos Nintendo e Sega, também há uma análise a um jogo Amiga CD32, e ao simulador de voo The Heroes of the 357 (com uma escala e critérios diferentes).

Entre as análises, destacam-se as de diversos jogos Mega CD, assim como as de Mortal Kombat para quatro plataformas.

Análises a Jogos Mega CD: Uma “Mega Evolução”?

Os jogos Mega CD são por vezes depreciados pelo excessivo recurso ao multimédia (especialmente vídeo) em detrimento da jogabilidade. Contudo, os jogos Mega CD aqui analisados foram muito bem recebidos:

(…) existe uma movimentação constante para acompanhar o ritmo do enredo. Ele valoriza a Mega CD. Para mim, é mesmo o melhor jogo actualmente disponível no mercado português

Análise a Night Trap

(…) uma novidade que se insere bem numa nova geração de jogos CD (…) um pouco simples, mas não deixa de ter sequências espectaculares, cheias de ação. Os gráficos, excelentes, fazem lembrar os desenhos animados japoneses — muito futuristas

Análise a Road Avenger
Título e excerto da análise a Night Trap, com o selo de “Jogo Total” reservado para os jogos mais bem classificados

Com exceção de Sherlock Holmes Consulting Detective Vol. 1 (que levou 94%), todos os jogos levaram 96%, a nota máxima dada nesta revista. Tal inclui:

  • Night Trap
  • Road Avenger
  • Make My Video: INXS
  • Sonic CD

No entanto, é interessante constatar alguma desilusão face a Sonic CD, encarado como apenas “uma amostra gratuita” do que estaria para vir num eventual Sonic 3. Apesar de levar um notório 96%, Sonic CD foi criticado pela “jogabilidade pouco elaborada” e pela “fraca dificuldade”.

Análises Mortal Kombat: qual a “melhor” versão?

A revista inclui dois artigos que classificam quatro versões de Mortal Kombat, com um comparando versões Sega (Mega Drive e Master System), e comparando versões Nintendo (Super Nintendo e Game Boy).

Em ambos os artigos, é evidente que consideram as versões Mega Drive e Super Nintendo superiores às Master System e Game Boy, respetivamente. E apesar de ser a versão Super Nintendo a mais bem classificada (com 95%), tal não implica que esta seja encarada como superior à da Mega Drive (com 91%).

Também é possível ter uma noção dos preços, com a versão Super Nintendo a custar 16.900$00 (quase 85€)

Outras Análises

Segue-se uma lista dos restantes jogos analisados na revista, com respetiva plataforma e classificação final:

  • World Cup Soccer (Game Gear, 87%)
  • F1 (Mega Drive, 94%)
  • Desert Strike (Mega Drive, 95%)
  • Renegade (Master System, 84%)
  • Bart’s Nightmare (Super Nintendo, 86%)
  • Castlevania 2: Belmont’s Revenge (Game Boy, 87%)
  • Wolfchild (Game Gear, 76%)
  • Batman Returns (Super Nintendo, 96%)
  • Street Fighter II Special Champion Edition (Mega Drive, 93%)
  • Cool Spot (Mega Drive, 91%)
  • Tiny Toon Adventures: Buster Busts Loose (Super Nintendo, 93%)
  • James Pond 2 (Amiga CD32, 88%)

Além destes jogos, também foi analisado o simulador de voo The Heroes of the 357, classificado com 5 (5 em 10, presumimos). Nesta análise, o crítico lamentou a falta de qualidade na localização (manual e embalagem) da distribuidora (Portidata), mas reconheceu que tal favorecia a redução de preços dos simuladores em Portugal.

Publicidade

Ao nível da publicidade, a revista inclui diversos anúncios a jogos e consolas Nintendo e Sega, com destaque para um anúncio do Mega CD distribuído por duas folhas.

O anúncio distribui-se por duas páginas do lado direito em simultâneo. Deste modo, o leitor era levado a virar a página para saber o que era “Melhor do que a evolução”

Destaca-se também uma “campanha Sega” de combate à pirataria, idêntica à de um panfleto que já apresentámos no Retroarquivo. Como seria de esperar, esta tinha o tom ousado e característico da Sega na época:

“Se comprares uma consola pirata e se tiveres problemas… tu sabes que só podes reclamar ao muro das lamentações (…) é melhor correres até ao teu Agente Autorizado Sega, senão vais acabar a fazer companhia aos dinossauros. Aos fósseis, é claro”

Campanha “Pirataria é Crime” — Sega Portugal

E a “Nintendo 64”?

Para concluir, destacamos uma notícia sobre a futura Nintendo 64, então conhecida como “Project Reality”. Nesta, referem a parceria com a Silicon Graphics para garantir “tecnologia de imersão real”, com “interacção directa e profunda nos ambientes de jogo” e “mundos de desenvolvimento infinito”. A consola era então esperada em 1995.

O “Projeto Realidade” só ficaria disponível em 1996, como Nintendo 64

Conclusão e download

A Jogos Vídeo nº 2 reflete o mercado de videojogos nacional em 1993, com referências aos preços dos jogos, e prevendo sucesso para os jogos CD focados no multimedia. Para saberes mais (ou nos dares a saber mais) sobre a Jogos Vídeo, contacta-nos ou consulta a página dedicada à publicação (em constante atualização)!

A Jogos Vídeo nº 2 está disponível em pdf.

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